sábado, 19 de março de 2016

Fevereiro, ainda

Há aqueles que querem ler muito rápido pra poder ler o máximo de livros possível. Acho desnecessário essa ansiedade por ler grandes quantidades de livros. O importante pra mim é o prazer da leitura, de preferência  com ritmo lento aproveito melhor  sem me estressar. Curto ler sem pressa, todos os dias  um pouco, mesmo que seja um parágrafo, e caso eu goste do parágrafo, matutar sobre esse parágrafo nas pequenas várias pausas do dia,  fazendo anotações, refletindo, relembrando, e até mesmo, relendo-o.

Lendo, esses dias descobri que Aquiles é chamado de Peleio por ser filho de Peleu, e que sua mãe Trétis  era a deusa do mar, e que Jove era um dos outros nomes de Netuno.
Mas, o que ganhei com isso ao ter o trabalho de ler as páginas iniciais de "A Ilíada",  um dos grandes clássicos eternos de Homero?
O fato é que  em termos práticos não ganhei nada, além de conhecimento que acredito não servir para nada. Mas devo estar atendendo a alguma força do universo que nos faz gastar tempo e energia com coisas que não nos proporciona nenhum benefício visivelmente útil. Talvez seja útil para o cérebro colocá-lo para trabalhar de algum modo. Uma boa parte dos brasileiros consome parte do seu tempo em acompanhar jogos de futebol, costumam saber os gols que seu time preferido fez em determinada época, em determinado jogo. Visivelmente não serve pra nada isso, mas por razões desconhecidas a nós, pode ser um excelente exercício para o cérebro, como pode servir para outras coisas desconhecidas por nós.


Mudando de assunto, 07 de fevereiro de 2016  domingo de carnaval  23h30min  retornei ao filme "Kumiko, a caçadora de talentos" continuando  de onde tinha parado, a partir de  01h20min de fita. Não gostei do final. Me pareceu uma perda de tempo filmarem essa história e uma perda de tempo  assisti-la. Nada acontece. É um faz de conta que acontecerá sem acontecer. Fica só no quase, na suposição. Não tenho a mínima noção  de onde tiram essas idéias e as transformam em história sem história.  Enquanto rascunho esse texto no computador, escuto vozes ao longe vindas dum bar mais ou menos próximo daqui. Muita gente gosta de bares. A noite, o lugar que mais gosto de estar é na minha casa, pelo menos me sinto mais seguro, mais confortável. Aqui faço o que der na telha, se quero ver tv, vejo; se quero ler, leio, se quero ficar quieto no quintal, fico. Se quero dormir, durmo. No bar posso estar conversando com uma pessoa cuja companhia aprecio, mas também posso ser obrigado a aturar alguém de temperamento desagradável. Nunca frequentei botecos. Mas tem quem goste muito. As vozes no bar se pausam, somem, se intervalam. Paro o meu pensamento para me concentrar no silêncio lá fora, para escutar o silêncio mantido por alguns minutos, num intervalo para o ruído. Por algum tempo nada escuto.

Depois da meia-noite, o calendário passou para 08 de fevereiro de 2016, segunda-feira de carnaval, leio  um trecho inicial do  Discurso do Método: "inexiste coisa mais bem distribuída  que o bom senso"; e Ilíada: "Canta-me-ó Deusa, do Peleio Aquiles, a ira tenaz, que, lutuosa aos gregos, verdes no Orco, mil fortes almas lançou";  e dois artigos, um de uma psicóloga, outro, de uma sommelier. Homero pega a sua caneta da antiguidade clássica e principia sua Ilíada por Aquiles e sua terrível ira. Tou nas primeiras linhas do primeiro capítulo, deve levar anos  para que eu conclua a leitura desse livro, enquanto leio vários outros ao mesmo tempo, e clássicos como este leio e releio indefinidamente em conta-gotas.
A sommelier Alexandra Borges num artigo discorre sobre a produção de vinhos na Cidade do Cabo, que embora africana, nada lembra a África, conforme ela mesmo explica. O dinheiro muda as coisas, inclusive uma cidade, como os jardins manicurados próximos às vinícolas.

Na maioria das vezes, costumo acordar as 03h45min da madrugada, tomo água, vejo o silêncio solitário da escuridão lá fora se manifestar em todo o seu auge. 03h45min, daqui mais ou menos uns quinze minutos, ela, numa lonjura muito distante daqui se levantará para começar mais um dia, se levantará numa hora em que a maioria está no mais profundo do seu sono. Será que a casa percebe que ela levantou, ou todos dormem profundamente sem nada escutar?  Acredito que lá, num lugar bem longe, ainda esteja bastante escuro a esta hora.

*_*

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Um comentário:

Pedrita disse...

eu sinto culpa de ler pouco, de encalhar em algum livro. mas tb gosto de ler no tempo que é daquele tempo. fiquei três meses saboreando o maravilhoso os miseráveis. economizei no final com pena de acabar. e é mágico. mas gostaria de ler mais quantidade. ah, e detesto reler, acho q estou sempre perdendo a oportunidade de ler outros caminhos. leio um ou outro trecho, aqui ou ali, mas a obra não consigo. beijos, pedrita