sábado, 14 de março de 2009

O caso do Jorjão

Jorjão, citado aqui, era uma pessoa normal, até que de uma hora pra outra, destrambelhou, passou a ter problemas psiquiátricos. Ficou doido mesmo. No começo era um doido manso. Muito sorridente, embora com olhos arregados assustadores. Falava baixo e mansamente. Dizem que pessoas assim são as mais perigosas. Nunca sabemos o que fará. As que gritam, berram, costumam se extravasar, ao contrário do Jorjão, que fica aparentemente calmo, com isso acumulando energia.

Pessoas com esse tipo de problema não aceitam tomar remédio. Não se submetem ao tratamento. E hoje em dia as clínicas quando internam, o fazem por pouquíssimos dias. Para a política de hoje, o contato do paciente com a família é mais saudável. Pode ser, em alguns casos.

Mas há os casos perigosos, mortais, como o caso do Jorjão. Não conseguiram interná-lo anos atrás. E fazer ele tomar o medicamento era muito difícil. Misturavam o remédio na comida. Ele percebeu, e passou a comer apenas da comida entregue pela sua mãe. Não tomava o remédio porque o deixava mole, tonto. Isso era fácil. Poderia diminuir a dosagem para a metade, ou para um quarto. Que algum efeito faz e reduz os efeitos colaterais. Mas ninguém faz isso. Ou toma inteiro, ou não toma nada, o que é pior.

Um dia Jorjão escutou seu cunhado falando baixinho para colocarem o remédio no café. Jorjão escutou, não perdeu tempo, pegou um porrete e acertou na cabeça do Lúcio, seu cunhado. 

Mas Lúcio deu sorte, o porrete era meio fraco, e o socorro veio rápido. Internaram o Jorjão uns dias, mas um tempo depois o soltarem. Deu no que deu como contei aqui.

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