segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Do tempo dos Irmãos Coragem

Ele devia ter uns onze anos. Ela, uns dez. Era no tempo de Irmãos Coragem. Na escola primária sentiu que ela o observava o tempo todo. Até que um dia ela chegou até ele, e insistentemente lhe ofereceu um anel. Ele entendeu aquilo como símbolo de compromisso. Por isso recusou.
Nos meses seguintes, vez ou outra a via passar na rua em frente a sua casa. Morava ali por perto. Seu pai, os vizinhos, comentavam. Haviam percebido os olhares dela fincados no garoto.
De repente sumiu. Nunca mais a viu. Muita coisa aconteceu. Dramas, alegrias, tristezas, namorou, conheceu muitas mulheres. Vinte anos se passaram.
Vinte anos se passaram, e de repente, do nada, se encontrou com ela. Se reconheceram, conversaram. Nunca fizeram isso antes. A primeira coisa que perguntou é se ele tinha se casado. Não. Ele não casara. Ela sim. Reclamou do marido, que vivia bebendo e era agressivo. Conversa vai, conversa vem. Ele ficou sabendo que ela morava por ali havia pelo menos uns 13 anos. Como ele nunca esbarrara com ela antes, se perguntou. Coisa estranha. Se despediram. Mas, vez ou outra se encontravam por acaso. Conversavam por uns cinco minutos. Até que um dia...
Até que um dia, ele entrando no banco, ela saindo; lhe falou que estava separada havia 15 dias. Os dias passaram. E novamente ele encontrou com ela, desta vez no ônibus. E iam para o mesmo lugar. Iam ao banco. E ela lhe falou que havia 30 dias que estava separada. Espera aí...Isso lhe chamou a atenção. Ela queria alguma coisa com ele. Pelo jeito, não se esquecera dele todos esses anos. Ele lhe passou o número do telefone pedindo pra ela ligar.

Nenhum comentário: